A ansiedade de separação nos cães é uma afeção patológica - motivo frequente de consulta. Recorre-se ao médico veterinário na sequência de destruições consideráveis, micções e defecações distribuídas por toda a casa, ou seja, em todos os locais a que o cão tem acesso, ou mesmo vocalizações quando são deixados sozinhos (latidos, uivos e gemidos).
Este comportamento é motivado a uma ligação, ou até uma hiperligação, a uma determinada pessoa. O afeiçoamento é um mecanismo de aprendizagem que permite ao individuo identificar a mãe como o ser a quem estão ligados e uma referência tranquilizadora. A ligação é indispensável para efetivar uma boa impregnação e para o correto desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social do animal.
Durante o período neonatal, a cadela está muito ligada às crias e tudo o que possa restringir os contactos entre a cadela e os cachorros vai desencadear um estado de tristeza profunda. Seguidamente, no período de transição, os cachorrinhos estão muito apegados à mãe: apenas ela conseguirá acalmá-los. Passa a ser a referência tranquilizadora à volta da qual se desenvolve o comportamento exploratório. Nesta fase, a ligação é recíproca. Qualquer tentativa para impedir o contacto despoleta um estado de aflição expressa por vocalizações e uma grande agitação, tanto por parte da mãe como dos cachorros. Mas quem diz ligação diz, também, distanciamento.
Trata-se de uma etapa importante na socialização do cachorro. A mãe, quando os cachorros machos atingem os 4 ou 5 meses de vida, começa a deixar de suportar o seu contacto e a impedi-los de se aproximarem dela, pelo que os jovens têm de procurar outro local para dormir. Esta fase culmina com a marginalização dos cachorros. No caso das crias fêmeas, o processo é mais lento e tem início no momento do primeiro ou segundo cio.